A última das libertações - Parte 10

 

Vinho Novo, Odres Novos - Guia de Estudo 10

Este Guia de Estudo refere-se ao décimo sermão da série Vinho Novo, Odres Novos, pregado pelo Pr. Ed René Kivitz em 23 de maio de 2010 e disponível em áudio para download no site da Ibab (ibab.com.br). Ele foi elaborado para facilitar a discussão em Pequenos Grupos.

 

 

A última das libertações

Chegando o dia de Pentecoste, estavam todos reunidos num só lugar. De repente veio do céu um som, como de um vento muito forte, e encheu toda a casa na qual estavam assentados. E viram o que parecia línguas de fogo, que se separaram e pousaram sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito os capacitava. [...] Atônitos e perplexos, todos perguntavam uns aos outros: “Que significa isto?” Alguns, todavia, zombavam deles e diziam: “Eles beberam vinho demais”. Então Pedro levantou-se com os Onze e, em alta voz, dirigiu-se à multidão: “Homens da Judéia e todos os que vivem em Jerusalém, deixem-me explicar-lhes isto! Ouçam com atenção: estes homens não estão bêbados, como vocês supõem. Ainda são nove horas da manhã! Ao contrário, isto é o que foi predito pelo profeta Joel: “Nos últimos dias, diz Deus, derramarei do meu Espírito sobre todos os povos. Os seus filhos e as suas filhas profetizarão, os jovens terão visões, os velhos terão sonhos. Sobre os meus servos e as minhas servasb derramarei do meu Espírito naqueles dias, e eles profetizarão. Mostrarei maravilhas em cima, no céu, e sinais em baixo, na terra: sangue, fogo e nuvens de fumaça. O sol se tornará em trevas e a lua em sangue, antes que venha o grande e glorioso dia do Senhor. E todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo!”

[Atos 2.1-4, 12-21]

Jesus Cristo, libertador

Jesus Cristo é apresentado, na Bíblia, como libertador.

E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará [...] Portanto, se o Filho os libertar, vocês de fato serão livres.

[João 8.32,36]

Jesus Cristo nos liberta:

1. Da ignorância a respeito de Deus

Disse Filipe: “Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta”. Jesus respondeu: “Você não me conhece, Filipe, mesmo depois de eu ter estado com vocês durante tanto tempo? Quem me vê, vê o Pai. Como você pode dizer: ‘Mostra-nos o Pai’?

[João 14.8,9]

Eu revelei teu nome àqueles que do mundo me deste.

[João 17.6]

2. Do império do mal, isto é, da ação irresistível dos poderes do mal

Pois ele nos resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho amado, em quem temos a redenção a saber, o perdão dos pecados.

[Colossenses 1.13,14]

3. Do poder do pecado, isto é, da nossa própria maldade

Da mesma forma, considerem-se mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus. Portanto, não permitam que o pecado continue dominando os seus corpos mortais, fazendo que vocês obedeçam aos seus desejos. Não ofereçam os membros do corpo de vocês ao pecado, como instrumentos de injustiça; antes ofereçam-se a Deus como quem voltou da morte para a vida; e ofereçam os membros do corpo de vocês a ele, como instrumentos de justiça. Pois o pecado não os dominará, porque vocês não estão debaixo da Lei, mas debaixo da graça.

[Romanos 6.11-14]

4. Do inferno e das trevas eternas, isto é, da vida alienada de Deus

Eu lhes asseguro: Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna e não será condenado, mas já passou da morte para a vida.

[João 5.24]

Portanto, agora já não há condenação para os que estão em Cristo Jesus, porque por meio de Cristo Jesus a lei do Espírito de vida me libertou da lei do pecado e da morte.

[Romanos 8.1,2]

5. Da morte e do medo da morte

Se não há ressurreição dos mortos, nem Cristo ressuscitou; e, se Cristo não ressuscitou, é inútil a nossa pregação, como também é inútil a fé que vocês têm [...] Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dentre aqueles que dormiram.

[1Coríntios 15.13,14,20]

Portanto, visto que os filhos são pessoas de carne e sangue, ele também participou dessa condição humana, para que, por sua morte, derrotasse aquele que tem o poder da morte, isto é, o Diabo, e libertasse aqueles que durante toda a vida estiveram escravizados pelo medo da morte.

[Hebreus 2.14,15]

Mas há uma libertação necessária a respeito da qual poucas pessoas têm consciência e até mesmo desejam, a saber: Jesus nos liberta de si mesmo.

 

 

O propósito eterno de Deus

O sonho de Deus sempre foi nos integrar na perfeita comunhão da Trindade, para que não apenas estivéssemos em unidade com a Trindade (ser um com Deus), como também experimentássemos entre nós a unidade perfeita da Trindade (sermos um).

Minha oração não é apenas por eles. Rogo também por aqueles que crerão em mim, por meio da mensagem deles, para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. Dei-lhes a glória que me deste, para que eles sejam um, assim como nós somos um: eu neles e tu em mim. Que eles sejam levados à plena unidade, para que o mundo saiba que tu me enviaste, e os amaste como igualmente me amaste.

[João 17.20-23]

Por esta razão, podemos dizer que o sonho de Deus não se esgotava na encarnação em Jesus1. A pretensão de Deus era mais ambiciosa: compartilhar sua natureza com os únicos seres criados à sua imagem e semelhança, de modo que Jesus fosse apenas o primeiro de seus filhos.

Dessa maneira, ele nos deu as suas grandiosas e preciosas promessas, para que por elas vocês se tornassem participantes da natureza divina.

[2Pedro 1.4]

Pois aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.

[Romanos 8.29]

Esta pretensão de Deus, em fazer da humanidade a sua habitação, é que explica a promessa do derramamento do Espírito Santo.

Quem tem os meus mandamentos e lhes obedece, esse é o que me ama. Aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me revelarei a ele [...]Se alguém me ama, obedecerá à minha palavra. Meu Pai o amará, nós viremos a ele e faremos morada nele.

[João 14.21,23]

Assim os apóstolos interpretaram o Pentecostes: a vinda do Pai e do Filho, na pessoa do Espírito Santo, para formar a comunhão da Trindade com a humanidade.

Vocês não sabem que são santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vocês?

[1Coríntios 3.16]

Portanto, vocês já não são estrangeiros nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, tendo Jesus Cristo como pedra angular, no qual todo o edifício é ajustado e cresce para tornar-se um santuário santo no Senhor. Nele vocês também estão sendo edificados juntos, para se tornarem morada de Deus por seu Espírito.

[Efésios 2.20-22]

[...] vocês também estão sendo utilizados como pedras vivas na edificação de uma casa espiritual para serem sacerdócio santo, oferecendo sacrifícios espirituais aceitáveis a Deus, por meio de Jesus Cristo.

[1Pedro 2.5]

Negativamente presos a Jesus

A pior coisa que poderia acontecer, portanto, seria que os primeiros discípulos seguidores de Jesus ficassem presos à sua figura terrena, encarnada. Ficar preso a Jesus significaria pelo menos duas coisas.

1 “A Encarnação do Filho, em sua atordoante exuberância, aparentemente não bastara para um Deus suficientemente ambicioso. A di­vindade provera para si, através do precedente de Jesus, uma segunda e definitiva encarnação, efetuada pelo derramamento profuso da consciência universal de Cristo sobre os que eram tocados por ele. Deus revelava finalmente seu plano: um Filho singular não lhe bastava; seu projeto era ter uma multidão de Filhos”. [https://www.baciadasalmas.com/2008/a-plenitude-dos-tempos]

1. Transformar Jesus em objeto de veneração e culto, à semelhança das religiões pagãs, que resultaria em transformar Jesus em um ídolo morto, e que implicaria negligenciar o fato de que Jesus é Deus vivo justamente em sua capacidade de se reproduzir em todos os seus.

Portanto, irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês.

[Romanos 12.1]

Jesus não quer ser adorado à semelhança dos deuses e ídolos pagãos. A verdadeira adoração a Jesus consiste na rendição da vida para que Ele, Jesus, viva em seus adoradores. A palavra “racional”, em Romanos 12, não tem o mesmo sentido de racionalidade conforme o sentido que a modernidade deu ao termo. O apóstolo Paulo não está falando de uma adoração inteligente ou de uma adoração controlada pela mente lógica. A palavra grega que ele usou foi logikon, que signfica autêntico, legítimo, verdadeiro. Isso quer dizer que a maneira como adoramos a Jesus é “sacrificando a vida em seu altar”, isto é, doando-nos completamente a Ele a ponto de chegarmos a dizer:

Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim.

[Gálatas 2.20]

Uma das grandes diferenças entre os primeiros seguidores de Jesus e os adoradores dos deuses e ídolos pagãos é que os adoradores de Jesus não construiram altares em sua homenagem. Jesus não era para eles um objeto de veneração, mas uma presença ativa, era a sua própria vida, de modo que Jesus podia ser visto em seus adoradores.

Vendo a coragem de Pedro e de João, e percebendo que eram homens comuns e sem instrução, ficaram admirados e reconheceram que eles haviam estado com Jesus.

[Atos 4.13]

Então Barnabé foi a Tarso procurar Saulo e, quando o encontrou, levou-o para Antioquia. Assim, durante um ano inteiro Barnabé e Saulo se reuniram com a igreja e ensinaram a muitos. Em Antioquia, os discípulos foram pela primeira vez chamados cristãos.

[Atos 11.25,26]

2. Permanecer escravo de uma dependência infantil das intervenções de Jesus, negligenciando o fato de que Jesus é Deus vivo justamente em sua capacidade de agir por meio de todos os seus.

Jesus não desejava, e não deseja, pessoas que continuem dependentes dele como mendicantes que nada têm. Jesus deu aos seus seguidores a autoridade do seu nome e o poder do seu Espírito.

Então, Jesus aproximou-se deles e disse: “Foi-me dada toda a autoridade nos céus e na terra. Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos”.

[Mateus 28.18-20]

Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra”.

[Atos 1.8]

A intenção de Jesus era que seus seguidores dessem continuidade ao seu ministério, fazendo no mundo as suas obras, e até maiores, sendo esta a razão pela qual fez a promessa da vinda do Espírito Santo.

Aquele que crê em mim fará também as obras que tenho realizado. Fará coisas ainda maiores do que estas, porque eu estou indo para o Pai [...] E eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Conselheiro para estar com vocês para sempre, o Espírito da verdade. O mundo não pode recebê-lo, porque não o vê nem o conhece. Mas vocês o conhecem, pois ele vive com vocês e estará em vocês. Não os deixarei órfãos; voltarei para vocês. Dentro de pouco tempo o mundo não me verá mais; vocês, porém, me verão. Porque eu vivo, vocês também viverão. Naquele dia compreenderão que estou em meu Pai, vocês em mim, e eu em vocês.

[João 14.12-20]

A última das libertações

Foi por essa razão que Jesus disse aos seus discípulos que ele precisaria ir embora. Era necessário que Jesus libertasse seus seguidores dele mesmo, para que, por meio do Espírito Santo, seus seguidores se tornassem semelhantes a ele, e na verdade, um com ele.

Eu lhes tenho dito tudo isso para que vocês não venham a tropeçar. Vocês serão expulsos das sinagogas; de fato, virá o tempo quando quem os matar pensará que está prestando culto a Deus. Farão essas coisas porque não conheceram nem o Pai, nem a mim. Estou lhes dizendo isto para que, quando chegar a hora, lembrem-se de que eu os avisei. Não lhes disse isso no princípio, porque eu estava com vocês. Agora que vou para aquele que me enviou, nenhum de vocês me pergunta: ‘Para onde vais?’ nPorque falei estas coisas, o coração de vocês encheu-se de tristeza. Mas eu lhes afirmo que é para o bem de vocês que eu vou. Se eu não for, o Conselheiro não virá para vocês; mas se eu for, eu o enviarei.

[João 16.1-7]

Esse é o sentido da bronca que os discípulos de Jesus levaram quando ficaram olhando para o céu, a ascenção do “Jesus terreno”.

Em meu livro anterior, Teófilo, escrevi a respeito de tudo o que Jesus começou a fazer e a ensinar, até o dia em que foi elevado aos céus, depois de ter dado instruções por meio do Espírito Santo aos apóstolos que havia escolhido [...] Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra”. Tendo dito isso, foi elevado às alturas enquanto eles olhavam, e uma nuvem o encobriu da vista deles. E eles ficaram com os olhos fixos no céu enquanto ele subia. De repente surgiram diante deles dois homens vestidos de branco, que lhes disseram: “Galileus, por que vocês estão olhando para o céu? Este mesmo Jesus, que dentre vocês foi elevado aos céus, voltará da mesma forma como o viram subir”.

[Atos 1.1,2,8-11]

 

A essência do ministério do Espírito Santo é, portanto, dupla:

1. Formar Cristo em todos os seguidores de Cristo = fruto do Espírito

E todos nós, que com a face descoberta contemplamos a glória do Senhor, segundo a sua imagem estamos sendo transformados com glória cada vez maior, a qual vem do Senhor, que é o Espírito.

[2Coríntios 3.18]

Meus filhos, novamente estou sofrendo dores de parto por sua causa, até que Cristo seja formado em vocês.

[Gálatas 4.19]

Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio.

[Gálatas 5.22,23]

2. Fazer Cristo agir por meio de todos os seguidores de Cristo = dons do Espírito

A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito, visando ao bem comum.

[1Coríntios 12.7]

© 2010 Ed René Kivitz